1. |
Crenças e Tramas
03:07
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Crenças e Tramas (Tiago Rosas)
Eu rego uma crença nos poros da vossa pele
Agora a voz que vos fere tem
A mesma textura daquilo que entope os canos
A aspereza e a quentura das parede descascando
Essa voz que vos fere tem
Eu rego uma crença nos poros da vossa pele
Agora a voz que vos fere tem
O limo alojado no rejunte descansando
As frestas entre os tacos com a poeira acumulando
Essa voz que vos fere tem
Tudo que freia, que trava ou agarra, emaranha na garganta, cola, entranha, gruda aí
Eu rego uma crença nos ouvintes dessa plebe
Agora a voz que vos fere tem
A crosta de comida desatenta na panela
A tinta da bebida viciada na caneca
Essa voz que vos fere tem
Eu rego uma crença nos ouvintes dessa plebe
Agora a voz que vos fere tem
A trama mal cheirosa das roupas lá no cesto
As manchas dos lençóis aguardando um recomeço
Essa voz que voz fere tem
Tudo que freia, que trava ou agarra, emaranha na garganta, cola, entranha, gruda aí
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2. |
Além do Azul
03:50
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Além do Azul (Tiago Rosas)
Toda lei suplica o que virá
Dessa vez não pode se aplicar
À trama que amarra nossa dor
Pra escapar eu decretei
O fim sem começar
Fiz valer o tempo circular
Na trilha que abriga nosso amor
Corre louco o céu sem fim
Sem se mexer
Sempre vai sendo o mesmo
Céu sem fim
Sem consolar, sempre a dizer o mesmo azul
Dessa vez eu tramitei nas trevas
Mas tá tudo bem
Eu fui além do azul pra ver você brilhar
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3. |
Eu Vi Minha Mãe
03:41
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Eu Vi Minha Mãe (Tiago Rosas)
Eu vi minha mãe
Eu vi minha mãe
Sentada na sala
Uma mão sobre a outra mão
Cadeira de palha
Eu vi minha mãe
Na mesa arranjo de flores
Na mesa toalha rendada
Eu vi minha mãe
Não venha me dizer que você sabe o que ela sente
Não venha me dizer que você sabe o que ela sente
Não venha me dizer que você sabe como é estar
No seu lugar
Eu vi minha mãe
Descortinando segredos na cristaleira
Que foi da mãe da mãe
Da minha mãe
Receitas passadas
Pras fomes e febres
Eu vi
Não venha me dizer que você sabe o que ela sente
Não venha me dizer que você sabe o que ela sente
Não venha me dizer que você sabe como é estar
No seu lugar
Pra devassar a nossa herança
Desmonto a luz que invade a casa
Desenrugar os nossos ritos
Despenca o breu, aguça a brasa
E eu canto assim que eu sou seu filho
Se eu me calar inda seu filho
Deixa cortar mas sou seu filho
Do início ao fim eu sou seu filho
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4. |
É o Homem
03:24
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É o Homem (Tiago Rosas)
É o homem
Ele não sabe não
E também não sabe que não sabe não
Mede o passo com a razão
É o homem
Ele não cabe aqui
Soca, força, roça a borda do funil
Jorra mil perguntas pra se camuflar
Na confusão
Um jeito de deixar
É o homem
Ele adora o mar
Mas de fora se afoga a indagar
Pr`onde vai a embarcação
É o homem
Vê um farol no breu
E aponta a nave pra se confirmar
Tudo que já sabe desde que nasceu
Na multidão
Um jeito de cuidar
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5. |
Outro Neném
03:00
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Outro Neném (Tiago Rosas)
Eu pisava no meio da noite
Girava os afetos, suava a cachaça, desprezo e magia
Eu pensava que a noite era esquina, feitiço de ventos
Soprando calores e tanta euforia nessa direção
Revirava-me o sangue em vapor
Quanto mais ardia essa brisa
Eu abria meus cofres à noite, curral de fantasmas
Memórias e sonhos bailando sem trilha
Eu fazia contornos na noite, jurava fronteiras
Cruzando algazarras, soprava bueiros pra mente varrer
A resposta de espuma e prazer
Quanto mais vadio
Depois vem a casa e os filhos
Dizem que vem
O Sol aquecendo os meus trilhos
Dizem também
Olheira, calo e couraça
Do jacaré
Confundem o passo e a graça
Escalda pé alivia
Anoiteço sem noite, sem rua
Sem beijo, sem nude
Sem teima, sem duo
Sem laia, sem cuia
Anoiteço na franja do dia
Em plena alvorada boletos e fraldas
Boiando no tanque prestes a vencer
Minha fome de sono e prazer
Quanto mais fastio
Depois vem a rede Domingo
Dizem que vem
As flores lá fora florindo
Outro neném
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6. |
Fôlego
02:20
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Fôlego (Tiago Rosas)
Eu pedi pros deuses
Fôlego, fôlego
E guardei meus ares
Fôlego, fôlego
Na hora das dores
Fôlego, fôlego
Fico por um triz
Fôlego, fôlego
Corredores tão lotados
A saúde a gotejar
Nos anseios encalhados me revi
Pra valer
Eu pedi mil vezes
Fôlego, fôlego, fôlego
E contei ladrilhos
Fôlego, fôlego, fôlego
Tanta teimosia
Fôlego, fôlego, fôlego
Que eu adormeci
Fôlego, fôlego, fôlego
Afundei num mar estranho
Nos escombros vi teu rastro
De repente num abraço
Eu emergi
E te beijei
Eu fui me arrastando
Fôlego, fôlego
Sem deixar cair
Fôlego, fôlego
Fui direto ao ponto
Fôlego, fôlego
E agradeci
Fôlego, fôlego
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7. |
Quero Conduzir
04:18
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Quero Conduzir (Tiago Rosas)
Mal a gente chegou já tem que falar, tem que repetir
Mas pensa quem vai falar do que for se a gente deixar, se a gente fingir
Réu falando por si respira e depõe, não pensa em fugir
Por mais que não dê prazer em deixar o fio correr, a trama seguir
Vou juntar os meus pedaços
Pra não me perder, pra não sucumbir
Sei gritar, bater
Quero conduzir
Véu por cima do nó é o golpe da vez quem fala por mim
A foto distrai, o texto convém, a fama recai sem pingos nos is
Breu desfaço com a voz que sabe falar, que sabe o que diz
Clareia esse chão e cala o algoz, não dei permissão pra me traduzir
Vou lançar os meus agravos
Pra me converter, pra me divertir
Sei deixar correr
Quero conduzir
Bom, você se dispôs prestar atenção, sentar e ouvir
Agora talvez a minha versão te faça pensar no que você diz
Ei, me faça um favor, não queira sanar, vai te distrair
Nem queira supor com boa intenção o verbo e a lei que valem pra mim
Vou guardar os meus retalhos
Pra me refazer sem me diluir
Sei roubar, varrer
Quero conduzir
Tanto esplendor
Já não me atrai
Canto o que me vem
Quando a casa cai
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Tiago Rosas RJ, Brazil
Composer and singer, experimenting with sounds and verses within the song format. I released my first album in 2020, Crenças e Tramas, which led to a partnership with veteran Romulo Fróes on my second album, Na Goela, in 2023. I am currently preparing a third project, still without a name or calendar. ... more
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